Uma vez, quando eu dava aulas em uma escola de línguas, uma aluna adulta saiu do grupo e solicitou ao diretor que fizesse aulas particulares comigo. Por quê?, perguntei. Ela me explicou que, quando mais jovem, matriculada em outra escola para aprender o Inglês, sofreu assédio moral dos colegas de classe. Por mais que o professor se esforçasse em tornar o ambiente descontraído, toda vez que ela tinha dúvidas os alunos, riam, contavam piadas e até comentavam que ela era um atraso para os demais colegas. Fiquei pasma quando ela disse ter ouvido: “Professor, você não entende que ela não tem capacidade de compreender o que você está dizendo? Ela é burra!”
Nem consigo imaginar como ela se sentiu naquele instante. Se timidez já era uma barreira, imagina depois de ouvir que ela era a causa do atraso das lições daquele grupo? A próxima pergunta foi inevitável… Por que eu? E foi quando eu comecei a pensar que o resultado do aprendizado pode ser melhor se passado de forma particular. Ter, para aquela aluna, as características que mais a deixavam confortável e com vontade de aprender, fez toda a diferença. No meu caso, valeram o fato de eu ser a professora mais velha da equipe, mais experiente no lidar com pessoas da idade dela, sem perder meu lado divertido e leve para passar o conhecimento ou corrigi-la quando necessário.
Diferentemente do que acontece num curso, em aulas particulares, o professor tem 100 porcento de atenção dedicada ao progresso daquele aluno em especial. E isso começa já no momento anterior à aula, de preparação. Conhecendo as aptidões e as dificuldades individuais de cada aluno, suas características pessoais e objetivos de aprendizado, além do tempo que tem para se dedicar, por exemplo, a homework e desafios, é inegável que o professor tem um leque de oportunidades específicas de atuar de forma a tornar a aula mais eficaz. O aluno aprende em seu tempo e do seu jeito, perde qualquer medo de fazer quantas perguntas forem necessárias e, o mais importante, perde o medo de falar, de se expor.
Da mesma forma que acontece, por exemplo, na troca com um psicanalista ou psicólogo, o aluno vai sentindo que aquela hora de trabalho é só dele. Pode e costuma ser mais caro do que um curso; afinal, o tempo de aula é exclusivo e todo mundo vive de hora/homem/trabalho. Justamente quando estamos em tempos em que se fala na maior humanização dos processos dentro das fábricas, escritórios, hospitais etc., por que não trazer essa humanização, em seu grau mais profundo, para o aprendizado de um conhecimento? É de Leonardo da Vinci a frase “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” Mas, para mim, e par muitos de meus alunos, eu reforço que se não for por meio de aulas particulares, a mente pode se cansar, ter medo e se arrepender, sim. E você, o que acha disso?
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